quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Cine Bomba - Muita Calma Nessa Hora


Dicas periódicas do que NÃO ASSISTIR quando for à locadora!

Recentemente perdi preciosos 40 minutos da minha vida assistindo uma produção realmente insuportável. Os 20 primeiros minutos foram surpreendentemente cansativos e os outros 20 que se seguiram foram o que eu chamo eventualmente de “dar uma chance para o filme”, que é quando ele começa mal mas você se mantém ali, na frente da tela, esperançoso de que alguma reviravolta o faça ficar bom (de vez em nunca isso acontece mesmo).

Bem, nem com mil chances essa porcaria de filme tosco que não vale a mídia em que vem gravado poderia ter virado em algo bom.

E pra quem pensa que só falo mal de filme ruim estrangeiro, como se fosse de caso pensado, o título de hoje do Cine Bomba (infelizmente) é uma produção nacional.

Estou falando da salada de esterco velho:




Ficha Técnica

Título Original: Muita Calma Nessa Hora

País de Origem: Brasil

Gênero: Comédia (pastelão, tipo “besteirol americano”)

Duração:1h 32 min

Ano de lançamento: 2010

Direção: Felipe Joffily


Resumo (com muitos spoilers, pra ninguém ver):

Peguei esta comédia na locadora já com um pé atrás, devido ao nome remeter à um tipo de senso de humor pelo qual não nutro sequer uma gota de respeito, que é aquele que podemos observar em programas de TV como “Zorra Total”, “Turma do Didi”, “A Praça é Nossa” (esse último apenas nos últimos anos, porque até o início dos anos 90 ainda era possível rir com seus quadros) e alguns espetáculos de stand up que não ouso sequer fazer referência para não dar mídia pra gente oportunista. Pode parecer excessivamente preconceituoso da minha parte, e de de fato o é, mas esse tipo de linguajar - ”muita calma nessa hora” - com intenção de ser engraçado, remete minha mente à um tipo de pessoa que considero bastante monótona, pra não dizer coisa pior.

Enfim, o que me motivou a conferir essa produção foi a presença de humoristas talentosíssimos, como o multi-tarefa Marcelo Adnet, o convincente Lúcio Mauro Filho (o “Tuco”, de “A Grande Familia”), o ácido Marcelo Tas (o “Professor Tibúrcio” do CQC), o fantástico quinteto formado por Marco Antônio Alves, Fausto Fanti, Adriano Pereira, Bruno Sutter e Felipe Torres (popular e carinhosamente conhecidos como “os caras do Hermes e Renato”) e até um dos mestres sagrados da cultura trash oitentista no Brasil, ninguém menos do que Serginho Malandro, na composição no elenco.

Agora me diga, caro leitor, que com um time desses, esse filme tinha alguma chance de não ser engraçado?

Pois é, eu pensei a mesma coisa. Mas infelizmente o potencial que poderia ser explorado foi absolutamente negligenciado. Até, vale dizer pra você que ficou animado com o elenco também e pode não acreditar que algo com essa trupe pode ser ruim, a maioria desses artistas que eu esperava ver atuando ao seu estilo, faz meras pontinhas sem nenhuma importância, e contidos como nunca antes na história desse país.

Essa porcaria de filme nada mais é do que outra obra nacional composta totalmente de clichês, e eu disse TOTALMENTE mesmo, já que a criatividade é inferior a zero em cada segundo do filme.

É clara a intenção dos realizadores de fazerem uma possível fusão de filmes como “American Pie” e “Bridget Jones's Diary”, onde podemos ver a forma mais plena do senso de humor norte-americano.

Não tenho absolutamente nada contra o senso de humor norte-americano, muito pelo contrário, já me diverti muito com dezenas de produções desse gênero. Minha crítica não se dirige à eles, mas sim à tentativa mais do que frustrada de cineastas tupiniquins de tentarem imita-los gastando uma quantidade interessante de dinheiro.

Logo nos primeiros minutos, vê-se algumas imagens muito mal escolhidas da belíssima cidade de Búzios, onde já pude identificar o desastre que viria pela frente. Então vemos a artificial Ellen Roche protagonizando uma desnecessária (já que não combina em nada com o resto do filme) ceninha bem tosca que remete às pornochanchadas do passado do nosso cinema. Uma clara referência à qual a real utilidade dessas moças siliconadas de cabeça vazia para o cinema.

A trama é batida demais até para uma babaca tentativa de comédia americana: três garotas com problemas em lidar com a própria volúpia saem de férias juntas, dispostas serem o mais promíscuas que conseguirem.

As personagens principais são Tita (Andréia Horta), uma moça jovem que estava prestes a se casar e testemunhou uma traição do noivo (na ceninha sem-vergonha com a Ellen Roche) e resolveu se vingar do mundo transando com o maior número de homens que conseguir (a casa de praia pra onde ela e as amigas vão em “férias”, tinha sida alugada originalmente em função do seu casamento), Mari (Gianne Albertoni), uma loira gostosona que dá impressão de ter um cargo importante em uma empresa grande, trata as pessoas com arrogância, sobretudo homens, no melhor estilo “eu sou fodona”, e desde os primeiros minutos já mostra que será o núcleo principal das piadinhas sem manjadas e sem graça (exemplo: sentada com as amigas na mesa do bar: “garçom, traga mais três tequilas e três cervejas, não vai perguntar o que elas querem?” assim mesmo, com vírgula, porque disse tudo na mesma sentença). No começo do filme ela se sai bem de uma situação de assédio sexual com um chefe tarado, uma cena feita especialmente pra uma tentativa de que se crie um ar de independência e força ao redor da personagem. Tentativa essa que falha miseravelmente no desenrolar dos próximo longos 20 minutos seguintes, Aninha (Milli, ops, quer dizer, Fernanda Souza), uma moça engraçadinha, mas totalmente sem sal, que passa o tempo todo querendo dar pra alguém mas não consegue por ser muito monga. Aliás, muito monga mesmo, bem daquele tipinho de menina burrinha que só faz bobagem e a Estrella (Débora Lamm), que é uma moça errante que encontram no caminho para o litoral, que tem ar daquelas hipongas sujinhas vendedoras de artesanato barato e parece estar o tempo todo drogada. Ou pelo menos tentando parecer que está, já que a interpretação dela é nível “Malhação” pra pior.

Depois do protocolo manjado de apresentação de cada uma, o filme começa e fica do mesmo jeito pra sempre: formado por quadros sortidos e absolutamente sem graça com diversos comediantes conhecidos, ao estilo “Zorra Total” mesmo. Os quadros são intercalados por cenas ridículas e forçadas das quatro desocupadas sentadas em uma mureta falando fezes enquanto fumam maconha, agindo como uma pessoa que nunca nem ao menos viu uma pessoa sob efeito de maconha, e muito menos sabe imitar o estado.

E isso é o filme todo.

Os personagens são ocos e descartáveis. Nenhum deles, nem mesmo as personagens principais, são explorados ou aprofundados de forma alguma. E os quadros claramente não foram feitos pelos próprios artistas, ou pelo menos não tiveram total liberdade para criarem. Dada a total imbecilidade, burrice e superficialidade das piadas.

Durante os 40 minutos que consegui estar na frente da TV assistido a essa tranqueira, a sensações oscilaram entre irritação, tédio e muita vergonha alheia.

Com certeza, até o dia de hoje, esse é o pior filme que assisti esse ano. Sem a menor sombra de dúvida.

Espero que as pessoas talentosas de verdade que participaram desse lixo que me fez perder 40 minutos de um precioso tempo que nunca vou recuperar, pelo menos tenham ganhado uma boa grana com isso, já que sabemos bem o quanto é difícil sobreviver de um genuíno talento artístico no Brasil. E embora o filme que participaram seja um balde de estrume, seus trabalhos fora dali são muito bons e de uma forma ou de outra merecem lucrar bem com o que fazem. Ou pelo menos mereceriam.

Mas seja como for, não percam seu tempo com essa porcaria. A não ser que você goste de produções feitas para pessoas muito burras e muito limitadas, rirem.

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