quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Top Eleven - Filmes Perturbadores



A cada dia que passa a internet está mais cheia de listas. 

É lista dos mais ricos, lista dos mais doidos, dos mais retweetados, dos menos assistidos, dos mais listados... enfim, lista de tudo que é coisa.

Admito que sou um grande consumidor desse “produto” que é fabricado com base quase sempre exclusivamente tendo como critério a opinião de quem escreve (há listas feitas através de pesquisas quantitativas também, mas essas não tem muita graça).

Eu me interesso bastante pela opinião das pessoas, seja a pessoa que for, dando a opinião que for sobre o assunto que for. Talvez seja por procurar me identificar no que é dito, ou poderia ser por mera curiosidade, ou ainda pelas exigências no exercício do meu trabalho. O motivo, a meu ver não importa muito.

O fato é que eu desenvolvi essa peculiaridade de querer saber o que as pessoas tem a dizer sobre tudo, e, tenho internamente, por assim dizer, uma verdadeira mania de formular uma opinião crítica sobre tudo que chega a mim.

Então no dia de hoje, me darei ao luxo de ser um pouco presunçoso e publicarei a minha primeira lista. Para que seja apreciada e avaliada por todos.

E para começar, como o cinéfilo assumido que sou, gostaria de listar um “Top Eleven” (porque 11 filmes são melhores do que 10) sobre cinema. 

Embora eu seja nada além de um admirador desta forma de arte, ou seja, não tenha conhecimentos técnicos específicos sobre o assunto, a paixão que tenho me faz sentir seguro o suficiente para me manter firme na opinião que apresentarei.

 E o critério que escolhi hoje é bem peculiar: será o elemento perturbador de algumas obras cinematográficas. 

Isso mesmo. Sabe aquele filme que mexe com você de uma forma muito estranha, e depois que ele acaba continua na sua cabeça repetindo aquela cena insistente que fez você sentir algo que você não sabe dizer ao certo o que é? Pois é, esses são filmes que eu chamo de “perturbadores”. Aqueles que causam sensações viscerais em quem assiste.

Penso que, seja por uma curiosidade mórbida pelo bizarro ou, por puro mau gosto mesmo, muitas pessoas compartilham comigo de um interesse por produções chocantes e que tragam tensão e espanto de uma forma indigesta para os telespectadores. E hoje é para essas pessoas que estou escrevendo. 

Além deste tema estranho, eu utilizarei outros três critérios na construção desta lista, a saber: 


1) não incluirei produções que se enquadrem como “Splatter” “Gore” e “Trash”, pelo fato desse tipo de trabalho ter naturalmente uma intenção sarcástica e só ser chocante aos olhos de pessoas que não conseguem ver o humor intrínseco em seu contexto, ou que não estão acostumadas com esse tipo de trabalho. 

2) não estão inclusos produções do gênero “Snuff”, em primeiro lugar por não ser um material que mereça atenção nem incentivo (só há quem produz porque há quem consuma) e em segundo lugar porque esse tipo de material em grande parte é de origem criminosa, e este bloqueiro aqui é o primeiro a denunciar qualquer tipo de abuso tanto na internet quanto no mundo real. 

3) E por  fim, o último critério para composição da lista é a cronologia. A lista começará no filme mais antigo e terminará com o mais recente, não havendo uma “escala” entre eles de qual é o mais ou o menos perturbador.



Bueno, sem mais delongas, segue abaixo a minha lista particular dos 





Os 11 Filmes mais perturbadores da história do cinema:






Freaks - 1932


Um verdadeiro clássico do cinema no-sense de antigamente. Diz a lenda que após o  sucesso de Frankenstein (1931), Irving Thalberg teria  pedido ao roteirista Willis Goldbeck que fizesse "qualquer coisa mais horrível que Frankenstein".  O resultado teria sido o roteiro de “Freaks”.

A história por si só já era bastante estranha: Uma trapezista bonita resolve se casar por interesse com o anão do circo que era herdeiro de uma grande fortuna.

Mas o que põe esse filme nesta lista, é o fato dele se tratar de uma versão cinematográfica de um tipo de espetáculo incrivelmente popular no passado que hoje é simplesmente inaceitável: os chamados “Freak Shows” ou “Show dos Horrores”, onde uma espécie de “circos” andavam pelo mundo expondo pessoas deformadas por doenças, amputados, vítimas síndromes bizarras e deficientes mentais como se fossem animais, em jaulas onde eram observados com fins de entretenimento.

Ou seja, os personagens do filme Freaks, são pessoas com deficiências de verdade, e interpretam ali, de uma certa forma, os papéis deles mesmos no filme!

Simplesmente grotesco.

A cena em que eles cantam "We accept you, one of us!" é simplesmente indescritível.

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Pink Flamingos - 1972

Horroso. Essa é sem dúvida a palavra que melhor descreve esse filme. É um pavor só, do início ao fim. 

Escatológico num nível muito acima do tolerável, o filme relata uma história absurda e sem pé nem cabeça que envolve uma drag-queen gordona que mora em um trailer com uma família pra lá de estranha e “luta” contra um casal de traficantes de drogas que engravidam mulheres em cativeiro para vender seus filhos à casais de lésbicas. E o pior é que isso tudo não é NADA perto do absurdo que é o filme todo.

Cenas de sexo bizarrésimas, muita nudez (com direito a exame proctológico de um dos atores e tudo), zoofilia (uma galinha foi morta de verdade em uma das cenas), canibalismo, tortura, coprofagia (nem queira saber o que isso significa) são alguns dos ingredientes desta obra que tem longos diálogos completamente doentios, repetitivos e chatos pra caramba.


As cenas e a trilha sonora são terrivelmente maçantes e cansativas. Acredito que o idealizador dessa “pérola”, o escritor e diretor John Waters, tinha a intenção de fazer algo completamente insuportável para o cinema. E eu suspeito que tenha conseguido.

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Saló, o le 120 giornate di Sodoma – 1975

Então você já conhecia o “Pink Flamingos” antes de ler esta lista e tava se achando “uma autoridade” em termos de filmes perturbadores e podrões?

Bem, nada mal para um Padawan da bizarrice... 

Saló é um filme tão doentio, tão absurdamente terrível, que nos faz pensar primeiramente como alguém pôde pensar nos elementos que compõe o seu roteiro.

Sério mesmo. Uma coisa é você incluir cenas em que a câmera faz exames clínicos nos genitais dos atores, e mostrar cenas de coprofagia. Qualquer pessoa que se interessa por produções estranhas é capaz de pensar nesse tipo de coisa quando interrogada sobre algo que chocaria a platéia.

Outra coisa completamente diferente é você dar um roteiro realmente coerente ao filme, baseando-se nesse tipo de apelo e adicionando crueldade em níveis insuportáveis. 

O roteiro de Pink Flamingos é uma “farra” sem pé nem cabeça, um verdadeiro pastelão. Mas o italiano Saló não. Esse filme eleva o debate sobre as perversões sexuais para um outro nível.

O diretor Pier Paolo Pasolini diz que buscou inspiração no livro “120 dias de sodomia” do lendário Marquês de Sade para produzir essa obra. Mas o que parece é foi inspirada pelo próprio capeta, isso sim.

A história trata de um grupo de fascistas (e um cardeal) que se isolam num castelo na república de Saló para praticar impiedosas orgias, humilhações, torturas e execuções à um grupo de jovens (idades aparentando de 14 à 17 anos) de ambos os sexos.

Pasolini fez outras “coisas” assim em sua carreira, mas nenhuma delas é como esse filme. Definitivamente se você se arriscar a assistir, jamais esquecerá dele.

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Mais ne nous delivrez pas du mal - 1976


Essa obra francesa retrata um tema que o cinema explora a um certo tempo em filmes como “Heavenly Creatures” (no Brasil lançado como “Almas Gêmeas” em 1994, com direção de Peter Jackson) e “Thirteen” (no Brasil lançado como “Aos Treze” em 2003, com direção de Catherine Hardwicke), que basicamente fala de duas meninas menores de idade pervertidas sexualmente, que praticam uma série de atrocidades ao longo do filme que deixam o espectador furioso.

 Não é só pelo fato de ser uma das primeiras obras desse clichê a povoar o cinema que coloca “Mais ne nous delivrez pas du mal” nesta lista, mas dois pontos bem específicos que são: a presença de um fortíssimo conteúdo blasfemo, onde as liturgias católicas são alvo de ataques e muito deboche ao longo do filme todo, e o fato das atrizes principais (que protagonizam inúmeras cenas sensuais e de nudez) serem realmente menores de idade quando a película foi filmada...

Blasfêmea, nudez de meninas menores de idade, violência, impunidade, egocentrismo, inconseqüência, desrespeito pela família... esse é mais um daqueles filmes que refletem do “espírito” que possuiu o cinema nos malditos anos 70.

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The Elephant Man – 1980


Esse é um dos filmes mais tristes que já assisti em toda minha vida. 

Trata-se da história real (e trágica) de Joseph Merrik (1862-1890). Um inglês que foi encontrado por um anatomista chamado Frederick Treves em um circo dos horrores em Londres, onde era exposto como atração e sofria maus tratos diariamente. 

Merrik era portador de uma doença muito rara chamada Neurofibromatose Múltipla, ou “Síndrome de Proteus” (somente diagnosticada em 1996, através de exames em seu esqueleto), e tinha 90% do seu corpo deformado.

O que aquele homem passou nas mãos de diversas pessoas (que eram os verdadeiros monstros da história) é revoltante.

A ignorância das pessoas, principalmente quando agrupadas em multidões, simplesmente não tem limites.

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Pixote - 1981


O diretor Hector Babenco produziu nesse trabalho um dos mais cruéis retratos da realidade nas ruas de São Paulo. 

Prostituição, drogas, crimes e muita violência permeiam a vida do personagem “Pixote”, um menino de rua que é enviado com outros companheiros para a FEBEM após ser recolhido pela polícia. Lá, Pixote sofre toda sorte de abusos, tanto por parte dos colegas internos quanto dos guardas e do diretor. Os diálogos são de partir o coração.

O mais terrível nesse filme são as semelhanças existentes entre a ficção e a realidade. 

O ator mirim que protagonizou o personagem principal, Fernando Ramos da Silva, após o sucesso do filme voltou às sua vida normal de miséria e violência. Tentou seguir a carreira como ator, inclusive ingressando na Rede Globo. Mas logo depois retornou à criminalidade e acabou sendo morto por policiais em 1987.

A rápida trajetória de Fernando foi contada pelo diretor José Joffily, em seu filme “Quem Matou Pixote?” no ano de 1996.

Um filme triste e chocante que tira o sono de quem tem um mínimo de empatia no coração.

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Irréversible (Irreversível) – 2002

Esse filme possui uma narrativa em ordem cronológica inversa (começa no final e termina com o começo da história) e utiliza os ângulos e rotações com a câmera para separar cada cena, o que causa uma sensação meio claustrofóbica muito desagradável nos espectadores. 

Mas isso é apenas um complemento do que esta produção francesa faz com você. 
 
Com um realismo absurdo, há duas cenas nesta obra em que se retratam respectivamente assassinato e estupro. 

Essas cenas fazem você sentir algo parecido com uma mistura de horror e culpa no peito. Realmente, só vendo pra entender o que quero dizer. 

Mas antes de correr para a locadora, tenha em mente que esse filme pode estragar o seu final de semana.

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Bum Fights – 2002

Esse é o nome de uma série de documentários que compilam o material de um site com o mesmo nome. Até o momento existem outras três sequências com material equivalente ou pior do que o primeiro.

É basicamente o seguinte: Sabe aqueles filhinhos de papai imbecis, completamente burros e débeis mentais que se divertem fazendo maldade com pessoas que estão em situações de fragilidade social? Pois é. É uma série de filmes que retrata alguns babacas se divertindo às custas de mendigos e moradores de rua.

Embora os autores americanos tentem manter um clima de “humor” o tempo todo, achar graça nesse material é rir das façanhas de certas pessoas aqui em terras brasileiras que queimam índios vivos por diversão, espancam empregadas domésticas em paradas de ônibus, machucam, humilham e matam calouros durante trotes de faculdade e arrastam uma cadela prenha com seu carro que papai deu no centro da cidade só para verem ela se despedaçar.
 

É revoltante, não há outra palavra para descrever o conteúdo deste título.

Violência, roubo de carros, marginalidade, uso de drogas injetáveis, crack, mutilação, tortura e abusos de todo tipo. Esse é o conteúdo de “Bum Fights”.

Um bom filme pra quem acha que a playboyzada é gente boa... principalmente os adeptos do american way of life.

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Earthlings - 2005

Dos filmes desta lista, esse eu acredito ser o único que deveria ser visto por mais pessoas. Porque traz uma nova consciência sobre algumas práticas que são de total desconhecimento do grande público, e se fossem mais divulgadas talvez as coisas fossem diferentes.

Trata-se de um documentário sobre a absoluta dependência da humanidade para obter alimentação, vestuário e diversão, através do “uso” de animais. Além das já polêmicas cobaias vivas, usadas para experimentos científicos.

É feito quase que totalmente com imagens de câmeras escondidas para detalhar as práticas diárias de algumas das maiores indústrias do mundo, onde se vê cenas reais de uma violência tão insana, perversa e covarde que se pode classificar de demoníaca sem correr o risco de cometer exageros.

É de fazer qualquer pessoa que tenha uma única gota de compaixão no corpo chorar. Eu desafio todos a assistirem esse filme até o final e depois olharem os animais com os mesmos olhos.

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Shortbus – 2006


Esse é o único filme desta lista que eu preciso admitir que assisti apressando algumas cenas, devido ao conteúdo ser, digamos... demasiadamente incômodo. 

O diretor John Cameron Mitchell disse em uma entrevista que Shortbus foi feito "com um grau de provocação em mente". Bem, o que ele quer dizer com “um grau de provocação” é que além do enredo tratar basicamente sobre relacionamentos gays (um tema por si só provocativo e polêmico), só se fala de sexo o tempo todo o filme inteiro. E ainda há um elemento extra, que são as diversas cenas de sexo explícito... daí você pode calcular o tamanho do problema.

Um filme nauseante que retrata a promiscuidade e a luxúria dos nossos tempos de uma forma tão chocante e asquerosa que nos faz perder um pouco a fé em dias melhores.

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Blindness (Ensaio Sobre a Cegueira) – 2008


A história deste filme é baseada no livro do mesmo título do escritor português vencedor do Prêmio Nobel de literatura José Saramago (1922 – 2010).

Trata de uma epidemia que se alastra com muita rapidez deixando as pessoas cegas sem nenhuma explicação aparente.

A única pessoa que não perde a visão é a esposa de um oftalmologista que finge estar cega também para acompanhar o seu marido quando as pessoas “infectadas” estão sendo levadas para a quarentena.

Dentro do lugar onde todos ficam “internados”, não há ninguém cuidando dos internos, apenas guardas armados do lado de fora que os impedem de sair.

O que acontece dentro daquele lugar, eu acredito que seja algo bem próximo do que a palavra “inferno” signifique. E nos faz pensar no quanto o ser humano pode ser uma criatura terrível quando não é adequadamente contido.




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